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Chrétien de Toyes escreveu e fez-se o Graal.
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José de Arimateia levou-o e o tempo perdeu-o. Achá-lo só os
puros e de merecimento. Sir Galahad, Sir Bors e Sir Percival conseguiram.
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O Graal desapareceu. Se está escrito, existe. A letra
impressa não mente.
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Muito mais antiga é a demanda da Pedra Filosofal. Tão antiga
que, pelos artifícios da alquimia, se descobriram verdades de ciência.
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Antiga e já conseguida. Cientistas conseguiram fabricar
ouro. Ouro que vale mais do que ouro, só um trilionário sem juízo compra esse
metal. A natureza vende mais barato...
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Se bem que o conseguimento não é bem um concretizamento. A Pedra
Filosofal tem de transformar em ouro qualquer metal plebeu; os sábios apenas
conseguiram fazê-lo e não que consiga metamorfosear qualquer calhau.
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Ah! O mais prosaico… o Elixir da Eterna Juventude. A morte
chega a todos e assusta muita gente. Também os poderosos do mando falecem e
temem o dia em que a gadanha os faça fechar os olhos.
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Com o ouro pagaram a homens de ciência e virtude. Como nos
contos das «Mil e Uma Noites», a habilidade estava em conseguir manter o
patrono entretido, acreditando que os progressos se faziam.
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Aldrabão e famoso, o alquimista era chamado à Corte. O ouro tão
perto, puro veneno. A cobiça e o pesadelo. A maior competência não era fabricar
vida, mas não criar a morte. Ter as perícias para progressos e um sofrimento esperançoso
por não ter tido ainda sucesso.
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A vida eterna é no Além. Ou… a espada, cutelo, machado,
garrote, forca ou. O fabuloso mercúrio. O mortal mercúrio.
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Todos os mestres foram um dia aprendizes, mais tarde ainda esperaram como oficiais. Entre os mestres, uns melhores do que outros – nunca esquecendo que
dois mais dois podem não ser cinco.
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Johann Wolfgang von Goethe poemou «O Aprendiz de Feiticeiro»,
que não poderei ser. Acreditei nos livros das ciências sem mestre e montei um
laboratório com os ingredientes e ferramentas, sabendo colher dos mestres o
conhecimento aproveitável, vinho monovarietal engarrafado.
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Em segredo comprei as essências e pela noite até de manhã
nada mais fiz do que procurar o Graal, a Pedra Filosofal e o Elixir da Eterna
Juventude.
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Vinho!
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Não sei que horas eram quando finalizei a poção. O melhor
vinho do mundo!
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Engarrafei-o em frascos de perfume de sete decilitros e
meio, devidamente rolhados. Sobre o todo, lacre, como antigamente.
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Exausto adormeci, sonhando com Xerazade, Isolda, Julieta,
Dulcineia, Dinamene, Bela Adormecida e Maria Carolina de Bourbon Duas Sicílias.
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Ainda fatigado, revelei o vinho – Elixir da Eterna
Juventude, Pedra Filosofal e Graal.
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Não tentem fazer isto em casa. Dos vários escolhidos, enófilos
de escol ou só de folia, recebi um quase unânime:
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– Não é bom. Acho que nem é propriamente mau, é muito
esquisito.
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Houve um que sentenciou:
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– É uma grande…
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Se tivesse sido um êxito, não revelaria a fórmula. Para
memória de chacotas futuras, deixo a composição:
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Encruzado (15,3%), arinto (15,3%), chardonnay (15,3%), touriga
franca (15,3%), alicante bouschet (15,3%), loureiro (7,7%) touriga nacional
(7,2%), alvarinho (5,7%) e syrah (2,9%).
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Era suposto ser palheto, mas só consegui tinta de escrever,
mas em encarnado.
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Com as sobras aproveitáveis criei uma pujança, uma
espécie de tiro da Big Bertha, por isso dei-lhe a alcunha de Thor. Alvarinho
(40%), syrah (33,4%) e touriga nacional (26,6%). Um pouco mais bronzeado do que
o anterior, e mais bebível.
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Nota 1: Por incapacidade da caixa de etiquetas, deixo aqui a relação dos artistas cujas obras tiveram a infelicidade de ilustrar o meu vinho... Lawrence Alma-Tadema, Paul Delvaux, André Derain, Ticiano, Constant Troyon e Mårten Eskil Winge.
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Nota 2: A imagem principal designa-se por «O Alquimista» e é de autoria desconhecida, mas enquadrável no género alemão, estando datada de 1880.
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