digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

sábado, abril 25, 2015

Carta ao Amigo Lado B

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Julgam-no desfasado das horas e isso chateia-me. Então escrevi ao amigo:
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– Toma lá um abraço , Capitão Hadoque. És uma pessoa especial. Se te acham difícil e complicado é porque não entendem que ser-se diferente não é ter-se defeito… e não, tampouco és diferente, mas melhor. Gostas de estar do avesso.
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Democrata? Nem tenho dúvida! Romântico! Anacrónico?! Não, apenas do avesso.
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Sei que gostas do 25 de Abril e que jamais o dirás. Pelo que em ti vi e o que vi de ti, és muito mais democrata do que gajos de cravo na lapela e, sobretudo, do que os donos da democracia.
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Contraditório, como todos. Pareces mais, porque és do avesso. O sentido de justiça e de formação humana… Sei! Porque te conheço, amigo improvável. Talvez amigos porque nos entendemos nos avessos.
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Não precisas da Ordem da Torre e Espada nem de divisas, tens nos olhos o brilho dos justos.
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Meu Capitão Hadoque, umas vezes criança e outras patife… dás o peito por quem sentes um coração.
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És um grande amigo. Mereces do 25 de Abril, sabes que sim.
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Continência, meu general.
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Um abraço do teu paisano.
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Nota 1: Ao meu grande amigo Carlos Fagulha.
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Nota 2: É fácil andar alinhado, mais difícil é ser-se do contra. Mas verdadeiramente complicado é ser-se do avesso.

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