digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

terça-feira, novembro 25, 2014

Lua de almanaque

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Já passa do dia. Mas volta, está a voltar.
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Fora de casa, espero voltar.
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Se não estás, espero que voltes.
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Quanto tempo tem um minuto e quantos fazem uma hora?
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Vendo de longe, sessenta cada – segundos pró primeiro, minutos prá segunda.
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Ao perto é diferente. Coração e alma não sabem do tempo.
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A barriga sabe. Os pulmões talvez, pois se fechados sentem-se doridos e após precisam inchar-se e soltar o ar, grosso e abrupto como a água duma barragem que se quebrou.
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Dizia, então. Voltará, mas quando?
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Não nas voltas das marés, que traz e leva.
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Quantos dias até se encher? Quantos dias e quantas horas tem um?
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– Ao perto ou ao longe?
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Perguntas-me brincando.
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Não sei. Agora é tempo para beijar-te.
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Quanto tempo dura um beijo?
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– Ao perto ou ao longe?
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Perguntas-me pra impacientar.
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Tanto faz, coração e alma não sabem do tempo nem conhecem distância.
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A isso se chama espaço-tempo.
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A Lua estará cheia no dia seis de Dezembro.
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– Às dez horas, vinte e sete minutos e treze segundos.
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Especificas depois de espreitares um almanaque.
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Não seria preciso tanto.
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Se dá sempre luz, sua criança nascerá na escuridão da lua nova?
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– Será a vinte e um de Dezembro, às vinte e três horas, trinta e seis minutos e quinze segundos.
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Especificas depois de espreitares um almanaque.

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