digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

quinta-feira, outubro 16, 2014

Fumo

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Disse-lhe:
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– Não sei se reparaste que o cheiro da cinza do cigarro é profunda.
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– Cheira mal. Não gosto. Não gosto do cheiro dos cigarros acesos e ainda menos o dos cinzeiros sujos.
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– Não percebes a poesia da espera e da morte, do prazer e seu falecimento, do cadáver repousando à espera da terra, da ansiedade a sossegar-se.
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– Não tens medo de ter um cancro? Não te preocupa prejudicares os outros, os fumadores passivos?
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– O meu cansaço pede-me para ir e o tabaco não acelera os minutos para que, à velocidade necessária, chegue onde todos chegaremos.
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– Isso é uma parvoíce! Sem comentários!
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– Não! É odor profundo.

Sem comentários: