digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

quarta-feira, outubro 15, 2014

Bacalhau cozido com todos e bem regado com azeite

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Subia a rua e descia um camarada.
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Disse-lhe:
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– Vou votar no CDS.
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Espantou-se, inclinou-se para trás, num espanto que lhe esbugalhou os olhos. Voltou à compostura e gracejou.
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É difícil explicar que não se come bacalhau cozido.
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Seguiu feliz por tudo estar afinal na mesma.
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Não como bacalhau cozido.
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Nota 1: Para os meus leitores não portugueses, o CDS – Centro Democrático Social – é uma força política que, na génese, era de inspiração democrata-cristã. Após a revolução democrática, que depôs uma ditadura de extrema-direita, «ninguém» ousava proclamar-se de direita. Mais tarde, assumiu-se como Partido Popular (CDS-PP). Esse partido não quero, é uma direita que embora democrática nada ou pouco tem do substrato fundacional.
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Nota 2: Um grande abraço, amigo Alfredo Sousa – um grande camarada.

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