digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

sexta-feira, outubro 24, 2014

A árvore dos rubis

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A maçã é a fruta da Árvore da Ciência do Bem e do Mal – disse um velho sacerdote impotente e infértil de nascença, parco e austero nos comeres.
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As uvas, disse o bêbado. As uvas, repetiu outro bêbado. Nâo!... As uvas, pôs outro bêbado fim à discussão.
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Morangos, exclamou a donzela apaixonada, de peito apertado, mais pela paixão do que pelo espartilho, ainda soluçando do Champanhe que bebera antes de conceder a honra.
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Figos!... nada mais doce do que um figo maduro – garantiu um camponês.
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Para a madama, as bananas. Gargalhando alto, para que se ouvisse em tom de aleivosia.
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Maracujá, para o marujo que nunca saíra da cidade natal e aportara longe, depois das gangrenas, do sal, do vinagre e da urina.
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Desconfio da romã. Difícil de começar, sangrando como a virgindade, tinta que não sairá, doce e lenhosa como a vida a dois, prazer e luta, e dando tanto para nascer.
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O ouro não oxida, o diamante é eterno e a romã é arte.
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Tanto quanto sei, Deus fez tudo menos a arte e o bronze. Porém, criou a romã.
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Nota: Longe de ser um pensamento profundo ou uma fé, este texto é a legenda desta escultura de vidro e bronze.

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