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Linda como sempre e no ócio aceitando a beleza de si.
Aqueles dias de luz em que a pele, os lábios e os olhos, de vaidade decente e
justa.
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Fantasias e pensas nas mil como fizeste e nas mil que tens
por fazer e nas mil que pensas repetir, das feitas e das de vir.
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Conversas-te e enamoras-te por amante imaginário, pela
pessoa proibida, pelo indevido da transgressão e na ordem do cosmos.
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Frente ao espelho desnudas um ombro, sorris, franzes um
sobro-lho e olhas-te nos olhos e despes o outro ombro. Pensas no eterno e
fotografas-te. Repetes por não te excitar o que pensas que pode pensar o amante
se a visse. Guarda-la para ver e ponderar. Nova fotografia.
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Pousas o celular na bancada e despes-te, com a blusa sob o
sutiã. Estás um pouco excitada e fotografas-te. Olhas-te nos olhos, franzes um
sobrolho, rodas a cabeça várias vezes, com a boca fazendo beicinho e a
sobrancelha inquiridora. Fotografas-te e fotografas-te.
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Despes mais e fotografas-te. Tiras finalmente o sutiã e
deslumbras-te, como se visses uns seios pela primeira vez, como te visses os
seios pela primeira vez, como se percebesses como são belos pela primeira vez. Sorris,
quase ris e estás já. Fotografas-te sete vezes – sem atentar que é um número
mágico e que a magia tudo pode.
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Lamentas os vincos que a peça te deixou, mas a luz da pele. Pensas
nesse amante – que desejo ser eu – e guardas-te sob os lençóis.
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Fantasias e pensas nas mil como fizeste e nas mil que tens
por fazer e nas mil que pensas repetir, das feitas e das de vir.
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Reconfortada e ansiosa ponderas. Queres e sabes que será
como saltar de muito alto.
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Pensas nesse amante – que desejo ser eu – e envias uma
fotografia com o peito desnudo, engoles em seco e quase desmaias. Rezas para
que não chegue ou que não a veja. Rezas para que a veja. Rezas para que chegue.
Rezas para que não chegue. Rezas que te chegue.
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Feliz e medrosa trincas os lábios, franzes o sobrolho. Reflectes-te
e não tens vincos. Fotografas-te e recomeças.
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Queira Deus que seja para mim a fotografia.
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