digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

sexta-feira, julho 11, 2014

Mar na boca

Prometeste-me um beijo salgado. Espero-o e sonharei com ele até ao momento em que as nossas bocas se tocarem e as línguas se abraçarem.
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– Por favor, mais...
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Esse prazer de dor tão boa que se pode morrer sorrindo, exausto e sôfrego.
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Em troca desse beijo salgado, sal da vida, uma onda, um maremoto de mim sobre ti, que o teu prazer se crave na minha carne, se faça viva da força, do ritmo, do calor dos corpos e das tuas garras de rapina, das minhas mãos de guindaste.
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Dirás:
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– Mais... não pares agora...
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Direi:
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– Mais...
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Que o teu sal nos tempere, para que ao comermo-nos não digamos insonso.
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No final, depois de tantos ais... a minha força possível me alente para te beijar doce e a boca te saiba dizer a verdade da razão por estarmos assim exaustos.
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Deitados lado a lado. Deitados de cabeça sobre o outro.Deitados vendo o tecto. E que lá decima voes como rapina e me apanhes.
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Os lençóis como ondas amarrotadas de espuma de mar e seu sal.
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Beijando-nos onde se guardam os segredos faremos nova agitação.
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As horas não sobram e o dia irá esperar, ganharemos da luz nova novo sal.
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Se me beijares primeiro com sal na língua.
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Se eu chegar primeiro, será com doce.
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Talqulmente como o sal.
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Com doce nos entregaremos à mesma morte feliz e seu renascimento.
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Quando tiver de ser, beijar-nos-emos como se fosse a última vez, com nostalgia e culpa, vontade de ficar e repetir.
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O relógio só terá horas mortas, para que as tenhamos sempre vivas.
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Até à próxima, língua salgada.
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Até à próxima, língua doce.
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