Prometeste-me um beijo salgado. Espero-o e sonharei com ele
até ao momento em que as nossas bocas se tocarem e as línguas se abraçarem.
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– Por favor, mais...
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Esse prazer de dor tão boa que se pode morrer sorrindo,
exausto e sôfrego.
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Em troca desse beijo salgado, sal da vida, uma onda, um
maremoto de mim sobre ti, que o teu prazer se crave na minha carne, se faça viva
da força, do ritmo, do calor dos corpos e das tuas garras de rapina, das minhas
mãos de guindaste.
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Dirás:
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– Mais... não pares agora...
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Direi:
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– Mais...
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Que o teu sal nos tempere, para que ao comermo-nos não
digamos insonso.
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No final, depois de tantos ais... a minha força possível me
alente para te beijar doce e a boca te saiba dizer a verdade da razão por
estarmos assim exaustos.
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Deitados lado a lado. Deitados de cabeça sobre o outro.Deitados
vendo o tecto. E que lá decima voes como rapina e me apanhes.
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Os lençóis como ondas amarrotadas de espuma de mar e seu sal.
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Beijando-nos onde se guardam os segredos faremos nova
agitação.
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As horas não sobram e o dia irá esperar, ganharemos da luz
nova novo sal.
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Se me beijares primeiro com sal na língua.
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Se eu chegar primeiro, será com doce.
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Talqulmente como o sal.
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Com doce nos entregaremos à mesma morte feliz e seu
renascimento.
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Quando tiver de ser, beijar-nos-emos como se fosse a última
vez, com nostalgia e culpa, vontade de ficar e repetir.
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O relógio só terá horas mortas, para que as tenhamos sempre
vivas.
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Até à próxima, língua salgada.
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Até à próxima, língua doce..
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