Voltando ao racismo e comunismo – sete milhões de ucranianos mortos às mãos de Josef Vissarionovitch Stalin; conhecido em Portugal por Estaline ou carinhosamente como «Zé dos Bigodes». Stalin, acrescentou ele ao nome: «Homem de Aço». E como todos são iguais à luz do comunismo, Josef Vissarionovitch Stalin mudou o nome da cidade de Volgogrado para Estalinegrado.
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Sim sete milhões de ucranianos mortos à fome no Inverno de 1932/1933. Porquê? Porque era necessário alimentar os russos! Já se percebe por que os ucranianos saudaram os alemães a quando da invasão? Já se percebeu por que alguns (erradamente) se tornaram fascistas, apesar de continuarem a ser eslavos sub-humanos? Já antes, um milhão e setecentos mil cazaques tinham passado pelo mesmo suplício da morte por inanição.
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Mais seis milhões de camponeses e pequenos proprietários rurais morreram à fome ou fuzilados no período da colectivização forçada.
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A 30 de Janeiro de 1933, um austríaco, alistado no exército bávaro na Primeira Grande Guerra, um insignificante cabo chegou a chanceler da Alemanha e pôs em prática o que escreveu no primeiro volume de «Mein Kampf» («A minha Luta»), em 1925, e no segundo volume, em 1926.
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Entre 1933 e 1945 calcula-se que o regime nazi tenha morto seis milhões de judeus... «pelo menos Estaline não fez perseguições religiosas ou étnicas» – orgulha-se um camarada menos beato, ignorante e optimista.
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Não?! Em 1943 – lutava-se contra a Alemanha anti-semita – Estaline lançou um programa de perseguição de judeus... e Marx era judeu e tantos bolcheviques da primeira hora eram judeus. Em 1953, a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas denunciou a «Conspiração Judaica».
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Pois, o Grande Capital! O Grande Capital aliado dos nazis. Em 23 de Agosto de 1939 o «Pai dos Povos» mandou o seu ministro dos Negócios Estrangeiros, Viatcheslav Molotov – um dos responsáveis pelos sete milhões de mortos da Ucrânia – assinar com o seu homólogo alemão Joachim von Ribbentrop um acordo de paz e não agressão... o tal que foi rasgado pouco depois pelos germânicos.
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Em 1934 foi constituída uma província autónoma, no cu da Sibéria, para acolher a população judia da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. O argumento foi benemérito: para que pudessem preservar a cultura iídiche dentro dum país ateu.
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Historiadores – supostamente independentes ou macabramente tendenciosos anticomunistas – referem que os planos de Estaline abrangiam um total de vinte milhões de judeus. Verdadeiro ou falso? O número presta-se a especulações, interpretações e mentiras – seja que lado for na contenda.
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Não foram apenas os judeus, as vítimas dos nazis: social-democratas, comunistas, socialistas de vária ordem, anarquistas, homossexuais, testemunhas de Jeová, eslavos, ciganos... Tal como não foram apenas ucranianos e judeus as vítimas de Estaline: cazaques, polacos, coreanos, alemães, checos, búlgaros, finlandeses... além de todas as raças, etnias e religiões do Paraíso na Terra.
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Porque o grande país comunista foi um dos vencedores da Segunda Grande Guerra e porque houve mais do tempo para se apagarem as listas de vítimas do Estalinismo, os números serão sempre especulativos: entre vinte milhões e cinquenta milhões de vítimas. Talvez nesses números estejam contabilizados os combatentes republicanos, entre eles comunistas, da Guerra Civil de Espanha, deixados ao abandono em França e que pereceram à máquina da morte nazi.
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– Mentira!
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Dirão os beatos comunistas, os comunistas cínicos e os sacerdotes comunistas.
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Certo, certo não se sabe bem... os números vão de pouco menos de dois milhões a pouco mais de três milhões. Mas não contam com os judeus deixados para trás, abandonados à voragem nazi.
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Sim, e agora, que uma nova luz irradia na Rússia, homem dos serviços secretos e polícia política da União das Repúblicas Soviéticas, redescobrem-se nazis na Ucrânia. Sim, agora, tal como em 2007 quando se vandalizaram sepulturas de judeus russos.
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Não! Não vale a pena mudar a pontaria da conversa para o conflito israelo-palestiniano. Não tem a ver, não é a mesma coisa, ainda que tristemente haja também racismo e intolerância religiosas. Não, esse tema não é este – e que tantas vezes serve para distrair com poeira e fumaça argumentatória.
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Pois é, a história é fodida! É memória. Pois, mentiras, canalhices, filha-da-putice, obscurantices, maldades de toda a ordem, gritarão os inocentes beatos, os beatos, os cínicos, os situacionistas, os sacerdotes e o grande sacerdote do comunismo.
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Pois, e a prova de que nazis e países de democracia «burguesa»são muito amigos – dizem os comunistas, obliterando o pacto de amizade nazi-comunista de 1939 – é que muitos alemães, muitos nazis, muitos criminosos de guerra migraram para os Estados Unidos da América e países com ditaduras de extrema-direita da América Sul, apaparicadas por Washington.
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Sim! É verdade! É tudo verdade e não vale a pena justificar com a Guerra Fria. Sim! É verdade! E quantos passaram para o lado da União Soviética?
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– Ai que vem aí o argumento que eram presos de guerra – o que justifica a situação... ou que viram a «Luz» ou que tão-somente tentaram salvar a pele... pois, pois. Idem, idem. Aspas, aspas.
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Tudo isso é verdade, nem que parcialmente.
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Sabem o que aconteceu ao general Friedrich von Paulus? O homem que comandou o sexto exército alemão na Batalha de Estalinegrado e que, perante a derrota iminente, Adolf Hitler promoveu a marechal-de-campo, ordem subliminar para que se suicidasse... O que lhe aconteceu?
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Viveu na República Democrática Alemã – a palavra democrática ou é cinismo ou é cinismo – como chefe policial... Sim, aquele país onde se construiu um muro para que os alemães não caíssem na tentação do Demónio capitalista – foi por bondade.
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E todavia, a Terra roda em torno do seu eixo e à volta do Sol. Houve quem morresse por causa disso.
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Tudo isto a propósito de quê? Esta minha resenha, assumidamente anticomunista, não surge porque acordei a trautear «A Internacional» e fiquei com azia. Não. Aliás, o hino é muito bonito.
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Hoje, dia nove de Julho do ano civil de dois mil e catorze, uma edilidade governada por três vereadores comunistas – os únicos com poder executivo – decidiu perseguir a comunidade cigana.
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A simpática vila da Vidigueira, terra outrora famosa pelos seus vinhos brancos, tem à frente gente que manda demolir o abrigo de duas famílias ciganas – ou clã, pois são setenta pessoas, uma é a dos Azuis e, a outra, a dos Cabeça. A Guarda Nacional Republicana avançou com aparato para defender os operários camarários, que com máquinas pesadas deitaram abaixo o pavilhão – atenção, pavilhão, não palácio.
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Qual a diferença quando é um comunista a agir desta forma ou quando, em 2010, o presidente de França, o conservador Nicolas Sarkozy, quis expulsar do país imigrantes ciganos?
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Não, não vale argumentar que uns estão cá desde o século XVI e outros, «aqueles», estavam lá desde há uns anos ou meses – isso seria racismo. Humanamente é igual.
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Vamos aos estereótipos: o cigano é machista, a viúva não pode voltar a casar, os casamentos são arranjados, andam armados ilegalmente, não pagam impostos, vivem de rendimentos pagos pelos contribuintes e não fazem nada, são criminosos, dedicam-se ao tráfico de droga, roubo, assalto e venda de produtos roubados e contrafeitos.
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Elencados os estereótipos tenho a dizer que: vi um casal de ciganos numa repartição de Finanças, que muitos estão integrados na sociedade dominante, que em vários locais se dedicam à produção de artefactos oficinais – hoje, por desuso, são artesanais.
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Ainda que poucos, que os estereótipos representem 99% da verdade sobre a comunidade cigana, o que há a fazer é impor a lei quando dos ilícitos. Seja o que for, os ciganos da Vidigueira são pobres e viviam em situações deploráveis – se há bandidos entre eles, que os detenham, julguem e condenem.
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O que se não diria se tivessem sido políticos de direita a fazer o que fizeram os camaradas autarcas da Vidigueira...
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Nas últimas eleições legislativas, o chefe do Centro Democrático Social – que é de direita e não de centro – pregou contra os abusos na atribuição do Rendimento Social de Inserção. Pois, que ali viram, por causa dos estereótipos, um ataque à comunidade cigana.
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Se justiça há ou havia nessa acusação subliminar de racismo contra os ciganos, o actual Governo – criticável por tantas coisas – tirou o lar, com total falta de condições, a ciganos pobres. No Porto, o edil social-democrata Rui Rio – homem que tem horror à cultura e aos artistas – quis reabilitar o bairro do Aleixo, onde habitavam criminosos entre outros populares. O que o Partido Comunista não disse e acusou...
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O Partido Comunista Português – tão cioso do seu passado antifascista, apesar de algumas colaborações contra inimigos comuns e homossexuais, e das fantasias e mentiras da sua historiografia – não se cansa de citar a fome e a miséria dos camponeses alentejanos.
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Nesse Alentejo de camponeses sem terra viviam ciganos, gente mais pobre, que vendia gado ou se dedicava a pequenos ofícios. Na sua itinerância recebiam dos pobres alguma ajuda.
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Esses pobres, que o Partido Comunista Português toma como todos seus, não maltratavam os ciganos. Se os comunistas portugueses respeitassem as suas afirmações e a memória dos «seus» camponeses seriam os primeiros a denunciar a pobreza dos ciganos alentejanos – ah! O estereótipo – de fora deixo a outra polémica da Reforma Agrária, é outra coisa.
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Tudo não passaria duma mentira de Verão, não fossem as vozes, sobretudo, do Bloco de Esquerda e da Cáritas. Todos os partidos condenaram. São quase dez e meia da noite e não li nem vi nem ouvi qualquer condenação por parte do Partido Comunista Português.
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