Esta noite espreitei-te. Dormias quase nua numa cama de
lençóis amarrotados.
.
Tão delicadamente sensual que estavas num quadro, e a
moldura era feita com flores de jacarandá.
.
Por sugestão da cor senti-me levitando nos aromas de alfazema.
.
Sonhava e sonhei-te dentro doutro.
.
Lá eras a princesa Al Khozama, moira de olhos grandes.
.
Tão grandes que os meus versos se faziam pequenos.
.
Enquanto dormias, sonhava que sonhava contigo e que os
meu dedos delicados como uma abelha te acordariam.
.
Chamei-me Apis e como abelha poisei-te.
.
Na boca como se beijasse, e estremeceste.
.
Levantaste a camisa e revelaste os seios mais belos que
alguma vez verei.
.
Toquei-lhes como se beijasse, e estremeceste.
.
Trabalhador, abelha poisei até que te fosses acordando,
levando os dedos, aos poucos, onde se guarda uma força de dor e prazer.
.
Estremeceste e acordaste à velocidade do regato que te
nascia.
.
Acordei dos dois sonhos desesperadamente homem.
.
Só, desejei-te e não podendo ter-te, voltei a
sonhar que era uma abelha que poisava na alfazema e a fazia perfumar o ar com o prazer.
Sem comentários:
Enviar um comentário