digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

sexta-feira, junho 06, 2014

O anel

Se o céu é o mesmo por que mudam os dias?
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Ainda ontem era e hoje já sou, e a véspera da velhice
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A chuva torna densos os dias
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Penso que se envelhece menos quando chove
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Porque é maior a demora.
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As asneiras que fiz foram tantas que mal me lembro
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Mais a ignorância
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A chuva fora dos dias dá-me vontade de me deitar no soalho
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Sonhar acordado que resolvo todas as dores que causei
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Foi juventude
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Já adulto, tantos erros
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Esqueço-me dalguns
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Sem dolo e soubesse a quem.
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Que fiz durante o sono?
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Matei gente, enterrei-as sob um viaduto no centro da cidade de esquadria romana
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Aflição constante e sem descoberta
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Tenho vontade de revelar, como se tivesse ganhado o jogo.
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Não reclamo os dias que dei como um anel
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Os dias também foram meus
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Do seu prazer à agonia final
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Paixão mortal, uma de cada vez
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Morri sempre
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Dolorosamente ergui-me e caí
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A cada dia, a cada noite, dormindo ou fingindo
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Os choros que contei são menos da metade dos que ficaram nas almofadas.
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Os dias.

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