.
Não é hábito escrever de política no infotocopiável. Sem
jornal para escrever, desmerecendo o Facebook e sem tinta e trincha para pintar
no muro do cemitério...
.
Resta-me sujar a página negra com um manifesto político. Vai
já a seguir.
.
.
.
.
Os portugueses sabem de tudo, têm opinião sobre tudo. Pelo
grau de literacia conhecido, concluímos o que se sabe desde há milénios:
.
Só os ignorantes têm certezas. A dúvida pertence aos sábios.
.
Eu permito-me falar de futebol, quando o que sei sobre
futebol se resume a: Clube de Futebol «Os Belenenses» e pouco mais... e que
tenho uma simpatia «bairrista» (não é do bairro é do lado da cidade), pelo Clube
Oriental de Lisboa.
.
Há pois quem saiba muito mais de futebol do que eu. Somos
dez milhões e quinhentos mil, desses só trezentos (três centenas, não são
trezentos mil) sabem menos de bola do que eu.
.
Por muitos estúpidos que existam, a média estará sempre
assim desse patamar. O mesmo acontece com os génios... portugueses só há dois
no activo: Cristiano Ronaldo, António Lobo Antunes... acima está o «Adiantado
Mental», alcunha de Jorge Braga de Macedo, que acumula o título do maior
arrogante português... nem o EGO do Lobo Antunes ou a «cegueira» do António
José Saraiva, director do Sol, acompanham.
.
Pois, a sabedoria do português pode ser baixa, ou alta,
conforme queiram. Mas uma coisa é certa:
.
- Os portugueses sabem fazer contas.
.
Se não soubessem fazer contas não teriam aguentado esta austeridade
de folha de cálculo.
.
Sim, a austeridade era necessária. Sim, vamos precisar de
continuar a ter austeridade por muitos anos. Mas tinha de ser «ESTA»
austeridade... «ESTA» e «DESTA» forma?
.
Como cidadão que se lembra duma Europa europeia, de
alternância entre humanismo social-democrata ou socialista (conforme a
latitude) e a democracia cristã... estamos na merda, ou se não estamos, estamos
quase.
.
Somos genericamente ignorantes, tipo noventa por cento, mas
não somos estúpidos. Fazemos o que podemos e estamos a sobreviver... à rasca!
.
A canção dos ricos estarem mais ricos e dos pobres estarem
mais pobres é imagem que não me interessa pintar. É cantiga de que não gosto do
refrão... É maniqueísta, tem processos-de-intenção, de demagogia e de invejazinha (não é inveja)... ainda que possa ser verdade. Esse fado não cantarei.
.
O que me interessa é saber como estamos a viver... e por que
estamos a viver como estamos a viver.
.
Os portugueses podem ser ignorantes, mas não são estúpidos.
E sabem de contas, pelo menos as de mercearia, que são aquelas que lhe espelham
a algibeira.
.
O meu medo não é a ignorância, mas a memória.
.
Qualquer português que saiba fazer contas, mesmo que não
saiba gerir o cartão de crédito ou nunca tenha visto uma nota de quinhentos
euros, se lhe mostrarem os números da economia, os GRANDES MESMO GRANDES, percebe. Mesmo
que não saiba o que é a balança de transacções correntes ou O VAB.
.
Qualquer português com quociente de inteligência de vinte (e
que seja honesto, mesmo só para si, para a sua consciência, podendo dizer o
contrário do que pensa e sabe) percebe o que se passou no país se vir os números
à frente.
.
Pois entre doze de Março de dois mil e cinco e vinte e um de
Junho de dois mil e onze... não quero falar de justiça nem de Alcochete... só
sobre esse espaço de tempo...
.
Portugal estoirou o ordenado, a conta ordenado, o cartão de
crédito do BES, o cartão de crédito da CGD, os cartões de todos os bancos e
ainda foi pedir dinheiro à Cetelem e à Cofidis, reconhecidas empresas de
agiotagem.
.
Portugal foi às putas e apanhou sífilis...
.
Devia haver o oposto da estátua, uma espécie de estátua
invertida.
.
Os portugueses que só saibam fazer apenas contas de mercearia não poderão votar em quem se deixa acompanhar por José
Sócrates.
.
Quem o faz ou sofre de clubite política, ou não tem memória,
ou não sabe fazer contas ou tem um quociente de inteligência abaixo de vinte.
.
Se for esse o caso, então mereceu sofrer a austeridade brutal,
em que os ítens da despesa do Estado estavam ilegíveis, para nas Finanças só
vissem os números, para poderem cortar na despesa sem lhes doer a
consciência... mereceu o aumento brutal da carga fiscal... mereceu o Tribunal
Constitucional que temos.
.
Pois, leitor (amigo ou não, português ou não, eleitor ou
não)... Francisco Assis perdeu o meu voto ao permitir que José Sócrates
entrasse na sua campanha...
.
Todos temos passado. Todos fizemos coisas boas e coisas más.
As boas pomos no currículo, as más escrevem-nas no cadastro.
.
E agora vou ao carácter, à justiça e à moral... cadastro.
Escreve-se com as sílabas Al-co-che-te.
.
Mas!... O que fez ao dinheiro já nem me importa. Se foi ou é
corrupto (quanto a mim, é)... caguei de alto. Há tantos, que já nem chocam...
.
Mas de doze de Março de dois mil e cinco e vinte e um de Junho
de dois mil e onze...
.
Aprendi com Sócrates que só sei que nada sei... ou sei, que
com Sócrates, com Assis não irei..
.
.
.
Quanto ao resto, sei de bola e aprendo muito com a sabedoria tosca dos taxistas.
Quanto ao resto, sei de bola e aprendo muito com a sabedoria tosca dos taxistas.
.
Sou do Belenenses. Ponto! É o que sei de futebol.
.
.
.
Nota 1: Sabedoria não tem nada a ver com educação formal,
grau académico, situação financeira, posição social, com honestidade ou até
mesmo com inteligência. Tanto sabem tantos velhos e têm tanto para dizer e não
têm mais que instrução primária.
.
Nota 2: Fizeram-me testes de inteligência por quatros vezes,
em três o resultado ou idêntico e num outro desviou-se mais. Acredito?...
Sinceramente, acho que não sou particularmente inteligente... Mas isso ou é
vaidade ou falsa modéstia? Não.
.
Nota 3: É um desabafo... apesar de tudo, ainda poderia votar
na coligação de centro/direita e direita... mas... sou democrata cristão, não
sou da direita popular. Se em Portugal ainda resta alguma democracia cristã ao
CDS (PP – foi acrescento em que me não revejo), na Europa senta-se na mesma
bancada do PSD (PPD era outra coisa), e tenho memória do Cavaquismo. E o socialismo de Sócrates não tem nada a ver com Olof Palme ou Willy Brandt. A Europa de Angela Merkel não tem nada a ver com a de Helmut Kohl... não tem a ver com o tempo ou com a época (ou terá)! Tem a ver com carácter.
.
Nota 4: O banco da quadrilha cavaquista foi nacionalizado
pelo PS. E bem caro nos sai. Bem dizia Louçã... nacionaliza-se o prejuízo e
deixa-se privado o lucro... e eu não sou trotskista!
Sem comentários:
Enviar um comentário