digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

quinta-feira, agosto 08, 2013

Sina

Empresta-me o dicionário pra te ler a sina.
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Empresta-me o teu corpo pra ta escrever.
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Empresto-te um beijo, esperando que mo devolvas.
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Ou que o guardes como um livro emprestado.
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Empresta-me uma noite.
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Solta os cabelos; que por eles te suba.
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Mão, por mão, em atrevimento.
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Pelos teus cabelos te desço.
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Alimento-me no desejo, no teu peito.
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Revela-me o por onde sai a vida.
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Pela manhãzinha, saio.
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Deixo-te escrita a sina.
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Voltarei na noite seguinte.
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Essa é a sina.
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Amarmo-nos é pura fé.
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Leio a lista telefónica.
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Nota: Para mim, Hermínia Silva é a melhor fadista que ouvi. A Senhora Dona Amália era isso mesmo: Senhora Dona. Uma Rainha e teria sempre a luz consigo, uma diva, um rouxinol, uma semi-deusa, uma star internacional, uma alma de luz... cantasse ela o que quisesse... mas no Fado, no Fado reina a popular Hermínia. Até porque o Fado tem muita escuridão.
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Desculpem algum incómodo causado.

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