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Entrevistei (profissionalmente) o meu homónimo dos vinhos
Ninfa e Lapa dos Gaivões. Estava marcado nas estrelas que «João» e «Barbosa»
quando se juntam dão pessoas fantásticas. Ele e eu (!!!) somos pessoas
fantásticas… eu, principalmente sou belo e gracioso, apesar dos cento e alguns
quilos. Além do mais, sou do Belenenses!
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Contei-lhe que um dia hei-de fazer um vinho: lote de baga,
ramisco e touriga franca. Ainda lhe disse que ia ter um problema com ele, por
causa da marca, mas João Barbosa continuou simpático. Bolas!
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Brincadeira à parte, o senhor é uma simpatia e atenciosidade
(existe?) que cativam. Como escrevi e disse (é feio fazer autocitações, mas eu
posso) muitas vezes, a paixão, trabalho e empenho traduzem-se no final. O amor
que damos reverte. É a lei do retorno…
quem faz com pouco gosto nunca fará bem feito. É por isso que a comida
das mães é sempre a melhor do mundo…
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Ora, seis vezes três: dezoito… vinho do Tejo? Pois, não é o que
se pensa quando se fala em grandes vinhos, ainda que se saiba que a qualidade
cresceu muito de há uns (poucos) anos a esta parte.
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Grandes vinhos? João Barbosa tem vinhos de qualidade
inquestionável, mas tem um que é absolutamente fora de série… fora do sério. Vim
do Alto da Serra (Rio Maior) excitadíssimo para escrever este texto. Há muito
tempo que não me comovia assim e poucas foram as vezes em que me empolguei desta maneira.
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O vinho ainda não está engarrafado e só será descoberto
daqui por uns meses. Entretanto, João Barbosa deu-mo a provar. Fantástico! Ou fazendo
um trocadilho com as línguas portuguesa e inglesa: funtástico!
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Trata-se dum pinot noir como haverá poucos, quiçá nenhum, em
Portugal. Tem cor de pinot noir e é elegante como um bom Borgonha. Suave e
macio; não é veludo, é seda. Seda, mesmo. Uma acidez de ressuscitar. Um ataque
de coração pelo melhor. Emoção, vida, personalidade e carácter. Um vinho único,
que um enófilo tem de provar.
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A colheita é de 2011 e, como só acontece com os grandes vinhos,
tem séculos pela frente. E irá em crescendo. Dez anos? Espero voltar a ele
dentro de dez, vinte e trinta anos. Um colosso!
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Desculpem-me tantos elogios, mas estou nervoso de contente. Ganda
pinta de vinho!
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Tenho, no livrinho do coração, alguns vinhos portugueses que
me conquistam ano após ano, os meus Grand Cru, que não dispenso e que ponho as
mãos no fogo pela sua qualidade. Quero bebê-los até morrer e a eles voltar na
próxima encarnação: Quinta do Vale Meão, Quinta de Foz de Arouce Vinhas Velhas
de Santa Maria e Cavalo Maluco, nos tintos, e Maritávora Grande
Reserva Branco.
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O meu pensar do que quem faz por gosto, ou quem acarinha o
que é seu, sangra amor e deleite é válido para Francisco Olazabal, conde de Foz
de Arouce, José Mota Capitão e Manuel Gomes Mota… além dos respectivos enólogos
(Francisco Olazabal, João Portugal Ramos, Paulo Laureano/Mota Capitão e Jorge
Serôdio Borges), penso eu (de que, como terá dito aqueloutro senhor do Porto).
Isso mesmo se pode dizer de João Barbosa e do alquimista júnior, que já não é
nenhuma promessa, Pedro Pereira Gonçalves… o tal que, quando estava em Vale d’Algares,
me prometeu uma prova cega de tintos…
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Bem, dessas minhas referências portuguesas de eleição
nenhuma leva nota abaixo de nove… sendo que (já me cansa escrever isto tantas
vezes) a classificação não é nem óbvia nem proporcional… o três é positivo e
não é nem metade, nem um terço nem um quarto de quatro… é três. E o dez é uma
nota aberta, que vai do dez até ao infinito antes de onze.
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Este pinot noir de 2011, que João Barbosa irá um dia mostrar
ao mundo, terá, pelo menos, um nove. E tenho quase a certeza que assim será
para sempre. Como o amor.
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