O cinzento-lilás do céu e o verde-clorofila da placa
luminosa do hotel. A janela sobre a rua de carros e o frio que nela embate.
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Sim, o coração salta e o tédio anseia o que não quer para
amanhã; acordar cedo para trabalhar. Pudesse o tédio ser ócio e a vida só
abundância.
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Habituado a uma rua de bairro, vivo junto ao movimento
constante acelerado, numa rua quase suburbana e no centro. O que gostava mais
na outra casa era o bairro. Neste bairro gosto mais da casa.
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Neste Inverno: Madeira doce. Tão desejável que não me
imagino a beber outra coisa no Verão. Figo seco, amêndoa, noz, caramelizado,
finíssima canela e um fio quase invisível de pimenta preta. Digo: Há algo mais
maravilhoso do que um Madeira doce?
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As gatas, feridas no mimo, e o cão, que às vezes se julga
gato, tem ciúmes das irmãs felinas. Já lhes ladra menos, mas elas sopram-lhe. Hão
de se dar bem. Que assim seja! Que Deus o queira! E que haja sempre Madeira
doce.
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Por baixo do quarto há um vizinho que ressona fragante. O que
diriam os de cima se dormissem sobre o meu quarto. Esses, doutores em
palermice, acordam e deitam-se e nada mais fazem do que existir, entre a
imbecilidade, a mediocridade e a imbecilidade.
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Quero ver o céu no Verão. Se ainda aqui estiver e com o
coração apertado de afecto e descoberta. Se não estiver, que tenha o peito como
agora.
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Por agora contemplo o céu cinzento-lilás e acalmo-me e
contenho-me, para que tome um outro cálice de Madeira doce.
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