Acordei com vontade que algo acontecesse. Que o vento
trouxesse a mulher invisível que também transpusesse o vidro e, numa operação
relâmpago, tomasse conta do meu corpo e abusasse da minha boca.
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Acordei. Finalmente e com uma saudade prenhe de qualquer coisa
que não quero dizer com todas as letras. Suspiro profundo e quente.
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Por mim, o frio está bem. O que mais quero é a noite e a
cama e não a manhã. O segredo de coisas importantes sem espessura.
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Conhecer a pele e a boca. Segredar coisas sem importância e
não ficar até ser luz.
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Luz-penumbra que não revela toda a beleza. Brevidade de amor
que, não sendo a amor, lhe toma a vez. Por minutos de intenso calor e loucura.
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Mais do que lençóis amarfanhados, uma noite incerta. Memorável
pela incerteza dum regresso.
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Acordei e sonhei. Agora não consigo tirar da cabeça quem não
entra no corpo. Saudade de qualquer coisa que não sei.
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