Prometo-te vento na janela quando já deveríamos estar a
dormir. A rua ainda em silêncio e o Sol nascido. O Verão fez-se para os amores
breves e paixões eternas. A loucura do Inferno é precisa antes da calma
melancólica do Outono e da ternura do Inverno.
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O calor da água fresca, que aviva o hálito, revitaliza a
língua e exige beijo com os olhos nos olhos. O Verão é para o Verão dos
sentidos. Para a sensualidade da melancia, para a gulodice da meloa. Para a
pele e para a carne.
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Sim, desejo. Como se só uma virgem não soubesse. Não sei se
as sereias falam coisa que se entenda ou falando mo queiram dizer. Tenho
contudo a esperança e medo de ouvir.
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O Verão fez-se para tremer antes do primeiro beijo. Para sair
de mansinho pela janela, na quase manhã, em segredo mas com vontade de gritar o
prazer que se teve e quer mais.
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O Verão é para transgredir. O recato tem mais graça quando o
vento voltar húmido. O Verão é para guardar segredo, do que se fez e não se
chegou a fazer.
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Não sei mas sonho. Imagino querido por Vénus. Desejo o
abandono depois da loucura. Porque o mundo tem de voltar para quando vida
regressar de viagem.
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