Bato-te à porta, na ausência. Espio-te nas horas de sono. Não
estás, nem em casa nem acordada. Espero-te com a determinação dos parvos. Amo-te
com a obsessão dos estúpidos. De quarto em quarto de hora, a meta. De dois em
três em três minutos olho para o relógio, a noite toda, os dias todos. Na esquina,
frente à porta, na varanda da casa da frente, no Google Maps, no rastreio do
telemóvel, no equipamento de detective… o desejo de saber, a certeza de ser
melhor nem saber, não querer saber, não querer existir. Ainda assim, espero-te.
Nas insónias, no frio da gripe, na fome, no desconsolo. Caso-me sempre que me
lembro. Na miséria e na abastança. Até que a morte nos separe… só a morte nos
reunirá.
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