digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

quinta-feira, dezembro 15, 2011

Às malvas, devia mandar eu... às malvas, mandar-me



Estou sem paciência para a paciência. Quero o mundo e já. E o mundo é o que quero. Não querendo tudo, quero o que quero, e o que quero é o mundo. Como uma criança quer o gelado, que se derrete na mão, que sobra e não come a mãe, porque cai no chão.
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Ainda que saiba que a má vontade é própria dos imbecis, que os tacanhos são pouco inteligentes e que a minha mediana luz de espírito está a anos-luz da clareza e conhecimento deles… irrito-me, porque, apesar de tudo, acho-os humanos. Com direito à vida, ainda que menos inteligentes que as minhas gatas. E irrito-me porque os acho humanos. E irrito-me porque me irrito… duas vezes.
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O mau gosto cheira mal, como cheirava a ribeira do Jamor. Mau gosto de vestir mal está no vestir mal. A mulher veste mal, é saloia. A artista, que se veste igual, é artista. É alternativa, é muito à frente, é iluminada, tem o génio e a cultura.
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Se uma coisa se chama assim, por que dizem que é assado? E se alguém diz que é assado, caem-lhe os iluminados idiotas, que diziam que era assado, a dizer que sempre disseram assim, e que quem disse que o assim era assim só estava a implicar, que o faria sempre, fosse assim ou assado.
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Dói-me a alma pela imbecilidade dos outros. Não! Dói-me a alma em solidariedade com os imbecis a quem devia doer a alma. Não por ser cristão…
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Pergunto-me muitas vezes acerca do que Cristo sentiria quando confrontado com um parvo, ou, pior, com um estúpido, ou, pior, com um mal-criado, ou, pior, com um cretino, ou, pior, com um imbecil, ou, pior… que sentiria ele? Pena? Raiva, não. Chorava? Dava-lhe por certo a mão para o ajudar… para quê, se iria recusar?
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Eu que não sou nem Cristo nem bom, e que só tento quando atento, preocupo-me com a aridez da parvoíce, da alarvidade e adjectivos adjacentes.
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Basicamente, estou sem paciência para mim. Porque mais parvo é aquele que se preocupa com a parvoíce alheia. Prova de orgulho ou sobranceria. Sim, parvo sou eu! Raios, que estou sem paciência.

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