Com quantas letras se escreve amor? Não pense antes de
responder. Diga apenas um número, antes de evocar a pessoa.
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O primeiro amor pode não ser o amor primeiro, nem o último
ser o derradeiro.
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Estamos com quem amamos ou com o que resta, com quem mais
ninguém quis, com quem nos aceitou como sobra? Até ao fim da vida, até ao novo
amor, até à ilusão de um novo amor, até à ilusão do amor?
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Será que amamos ou amamos quem nos ama, que, julgando que a
amamos, nos ama?
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Amar numa sopa de letras. Amar na razão do sudoku. Amar na
ponderação do xadrez. Amar na leitura do poker. Amar por não saber o que fazer.
Amar porque não há nada a fazer.
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Onde entra o beijo no amor? Lábios são lábios, de homem ou
de mulher. Mas Pedro ama Rosa. Mas Teresa ama Miguel. Mas José ama Paulo. Mas
Susana ama Cristina. Lábios são lábios e apenas nos deitamos com quem queremos num
momento. Acreditamos, com quem amamos. Com quem amamos num momento. Com quem entesamos,
quando entesamos.
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O que é o amor? O que é o tesão? O que é o sexo? O que é a
amizade? Lábios são lábios. Cu não tem sexo. Boca é boca, pila é pila e rata é
rata. Boca na pila, boca na rata. Pila na rata. Pila no cu. Boca no cu. Dedos
em toda a parte. Águas de desejo.
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O superlativo de amor não é nada disto! O superlativo de
amor é amor. É como dizer infinito! À falta de melhor palavra, dizemos amor a
uma coisa que, sendo definível, não tem palavra que a defina.
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Diga um número. A matemática sintetiza tudo. Sem química não
há física. Sem a matemática, o amor é abstracto, a música é abstracta, não há
universo. Nem Deus permitiria. E além da matemática só Deus. Deus é amor e a
matemática resume tudo.
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Pense na quantidade de letras para escrever amor. Responda antes
de pensar.
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