Queria que toda a gente gostasse de mim. Ainda que não seja
santo, gostava. Gostava que me perdoassem os defeitos, os enganos e os
fracassos. Gostava que gostassem como gosto de pensar que gosto de toda a
gente. Quando era criança gostava de toda a gente, sentia ternura. Gostava que não
tivesse mudado, o mundo ou eu. Continuo a querer abraçar todos e que todos me
retribuam. Perdoo, esqueço, tropeço e volto a cair, perdoo. Sou ingénuo, quiçá
néscio. Quando me recusam, sinto. Quando rejeitam o amor, precipito-me no fim
dos dias. Arraso-me com o desgosto da desilusão de não me quererem. A recusa é um
desprezo. O desprezo é dor de morte, punhal de lágrimas. Quase morro. Quero todos
e a todos amo, mesmo quem não amo. Contudo não sou santo, nem no amar nem na
ausência de imperfeições. Gostava apenas que todos gostassem de mim, como abro
as portas de casa a todos e lhes sirvo de comer.
Sem comentários:
Enviar um comentário