digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

sexta-feira, dezembro 23, 2011

Eu podia amar toda a minha inocência


Queria que toda a gente gostasse de mim. Ainda que não seja santo, gostava. Gostava que me perdoassem os defeitos, os enganos e os fracassos. Gostava que gostassem como gosto de pensar que gosto de toda a gente. Quando era criança gostava de toda a gente, sentia ternura. Gostava que não tivesse mudado, o mundo ou eu. Continuo a querer abraçar todos e que todos me retribuam. Perdoo, esqueço, tropeço e volto a cair, perdoo. Sou ingénuo, quiçá néscio. Quando me recusam, sinto. Quando rejeitam o amor, precipito-me no fim dos dias. Arraso-me com o desgosto da desilusão de não me quererem. A recusa é um desprezo. O desprezo é dor de morte, punhal de lágrimas. Quase morro. Quero todos e a todos amo, mesmo quem não amo. Contudo não sou santo, nem no amar nem na ausência de imperfeições. Gostava apenas que todos gostassem de mim, como abro as portas de casa a todos e lhes sirvo de comer.

Sem comentários: