Lembro-me da tristeza do Tollan, que Lisboa adoptou como seu
defunto com o nome de Tolan. Lembro-me da tristeza do Tollan abandonado às
correntes do Tejo. Um dos seus poisos foi à vista lá de casa…
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O que se pode dizer dum navio encalhado? Tombado de borco, sem respirar, sem socorro. Depois de falecido, ali esteve no Tejo, à vista para que se não esquecessem, deprimido sem sair do leito, sem ter ninguém.
O que se pode dizer dum navio encalhado? Tombado de borco, sem respirar, sem socorro. Depois de falecido, ali esteve no Tejo, à vista para que se não esquecessem, deprimido sem sair do leito, sem ter ninguém.
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Morreu ali, como uma baleia na praia. Inútil e de cara
anónima. Abusado por quem lhe pintou palavras, de reivindicação e de política.
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Um dia foi-se sem aplauso, como um mero bandido acorrentado.
Nunca perguntaram por ele e as palavras do dorso saíram com a chuva, o mar ou o
maçarico.
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Quando o telefone não toca e as janelas não se abrem… quando
a escuridão cai sobre a luz e o sufoco sobre o ar… caio de borco, encalhado…
chorando as feridas e rezando para que…
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Tanto faz! Se o telefone não toca é porque não tenho o que
dizer.
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Sairei de borco, mas depois de bem engordado com gelados de
caramelo. Sairei do lodo dos dias e do sono prolongado das noites.
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