digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

quarta-feira, novembro 16, 2011

Sangue



















Cortei-me para ver a cor do sangue. Suguei. Há quem desmaie.
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Sentei-me etéreo pensando na Lua, nas noites longas e claras do Verão e no vento fresco do Outono.
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Sentei-me frente ao rio, senti-me na música e pedi uma bebida. Distraído, beijei o dedo cortado e provei o sangue estancado.
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Pensei em ti. Não pensei em nada. Pensei na cor dos teus olhos. Vi só os teus olhos. Pensei no teu nome. Só no teu nome. As letras colocadas em ordem, como se um nome fosse uma coisa concreta.
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Não perdi sangue suficiente para desmaiar. Nem a cor escorrendo me impressiona. Senti-me desfalecer, no sono pela ausência.
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Não sei se és Verão, Outono, Inverno ou Primavera. És uma outra coisa. Ainda não sei o quê, mas tem odor de cama e profundidade de abraço nocturno.
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O que é o amor? Umas palavras que tentam dizer alguma coisa de indefinível aplicada a coisas concretas.
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Enquanto aprovo o pôr-do-sol, distraidamente enrolado em mim por causa da aragem fresca e húmida, sugo o sangue, que corre novamente por puxado.
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Puxo sangue como se os meus lábios mordessem os teus. Em inconsciência fecho os olhos e, diante do desejo, leio o teu nome.

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