Cortei-me para ver a cor do sangue. Suguei.
Há quem desmaie.
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Sentei-me etéreo pensando na Lua, nas noites longas e claras
do Verão e no vento fresco do Outono.
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Sentei-me frente ao rio, senti-me na música e pedi uma
bebida. Distraído, beijei o dedo cortado e provei o sangue estancado.
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Pensei em ti. Não pensei em nada. Pensei na cor dos teus
olhos. Vi só os teus olhos. Pensei no teu nome. Só no teu nome. As letras
colocadas em ordem, como se um nome fosse uma coisa concreta.
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Não perdi sangue suficiente para desmaiar. Nem a cor
escorrendo me impressiona. Senti-me desfalecer, no sono pela
ausência.
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Não sei se és Verão, Outono, Inverno ou Primavera. És uma
outra coisa. Ainda não sei o quê, mas tem odor de cama e profundidade de abraço
nocturno.
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O que é o amor? Umas palavras que tentam dizer alguma coisa
de indefinível aplicada a coisas concretas.
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Enquanto aprovo o pôr-do-sol, distraidamente enrolado em mim
por causa da aragem fresca e húmida, sugo o sangue, que corre novamente por puxado.
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Puxo sangue como se os meus lábios mordessem os teus. Em inconsciência
fecho os olhos e, diante do desejo, leio o teu nome.
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