Rio de palavras traídas por amores tardios. O corpo sobre o
corpo, lançados e caídos. O sono depois da euforia, os remorsos dos orgasmos. As
quedas nos braços, abraços de profunda vontade. As lágrimas por cair precipitadas
como cascata. As juras falsas que se fizeram na cama, desmascaradas na agonia
do tempo passado.
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A roupa caída pelo quarto é espólio de desconforto. Prova de
que num espaço quadrado houve viagem no ar, em rodopio ébrio de sexo e curiosidade.
Por falar, falou-se. Bocas disseram de mais. Bocas disseram mentiras. Bocas beijaram.
Bocas beijaram por engano. Bocas beijaram em sexo. Bocas bocejaram
arrependimento.
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Há tanto tempo e ainda hoje esse fantasma, ressuscitado pela
chuva que tardou em chegar. A dor do arrependimento como a dos velhos. Um dia
de desejo com dezenas de anos, ou milhares de dias, para sublinhar o pesadelo da
hora de agonia e tristeza.
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Milhares de dias de desejo e dum arrependimento por uma tarde que nunca existiu. Devia estar a chover nesse momento. Em mim, chove e, todavia, não há água que possa cair do meu céu, castigo sem pecado.
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Milhares de dias de desejo e dum arrependimento por uma tarde que nunca existiu. Devia estar a chover nesse momento. Em mim, chove e, todavia, não há água que possa cair do meu céu, castigo sem pecado.
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