digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

terça-feira, novembro 15, 2011

Remorso de pecado inacontecido



Rio de palavras traídas por amores tardios. O corpo sobre o corpo, lançados e caídos. O sono depois da euforia, os remorsos dos orgasmos. As quedas nos braços, abraços de profunda vontade. As lágrimas por cair precipitadas como cascata. As juras falsas que se fizeram na cama, desmascaradas na agonia do tempo passado.
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A roupa caída pelo quarto é espólio de desconforto. Prova de que num espaço quadrado houve viagem no ar, em rodopio ébrio de sexo e curiosidade. Por falar, falou-se. Bocas disseram de mais. Bocas disseram mentiras. Bocas beijaram. Bocas beijaram por engano. Bocas beijaram em sexo. Bocas bocejaram arrependimento.
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Há tanto tempo e ainda hoje esse fantasma, ressuscitado pela chuva que tardou em chegar. A dor do arrependimento como a dos velhos. Um dia de desejo com dezenas de anos, ou milhares de dias, para sublinhar o pesadelo da hora de agonia e tristeza.
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Milhares de dias de desejo e dum arrependimento por uma tarde que nunca existiu. Devia estar a chover nesse momento. Em mim, chove e, todavia, não há água que possa cair do meu céu, castigo sem pecado.

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