digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

terça-feira, julho 26, 2011

Quinquagésimo-sétimo andar


















Bebo vinho, projecto para além do corpo, mas não o corpo. Para longe. Tenho pesadelos, a dormir e acordado. Percorro ruas sombrias, darques, de dia e de noite, desperto ou mergulhado no sono.
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Os dias têm anos.
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Sentado no beiral do quinquagésimo-sétimo andar pondero um salto, em duas esperanças e nenhuma certeza. Partir ou voar?
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Voar para onde possa viver num quinquagésimo-sétimo andar. Partir. Pouco me prende aqui.
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Nem namorada nem amor. Nem filhos nem vontade. Sem ler e sabendo. Sem fazer e com tempo. Nem música nem ânimo. Nem música para o desânimo.
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Projecto para além do corpo a vontade de partir. Daqui e daqui de cima. Tenha ou não um quinquagésimo-sétimo andar. Sem certeza se voo ou se caio.

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