digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

quinta-feira, julho 28, 2011

Elogio do suicídio
















Só quem nunca provou o seu sangue pode pensar que o suicídio não é solução. Quem nunca adormeceu comprimidado não pode saber que o suicídio é mesmo a solução.
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A morte é sedutora. Quem já passou o túnel, quem já viu a luz de branquidão indefinível, sabe da vontade de ir, deixando com saudades os que ficam.
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Também quem morre sente saudades. De certo. Mas será tão mais livre sem o peso do corpo. Sem o peso do corpo, que se pode deixar pendurado, preso pelo pescoço.
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Quem nunca se lançou duma altura não sabe da leveza de voar, ainda que por uns segundos. Só dói bater com os pés no chão, prova de que viver não vale a pena.
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Que dizer da vertigem em se lançar para diante dum comboio? Um orgasmo louco e breve.
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Só quem nunca pensou em suicídio não pode saber da leveza que terá quando se for e deixar para trás toda a mágoa de viver.
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Cansado que cantem a vida. Quanto pesa viver em dor? Quanto pesa não ter futuro? Pois que o futuro seja além.
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A sombra, o buraco, o canto, o sufoco. A sombra que dá lugar ao escuro-negro, as lágrimas que doem. Doer só por doer. O suicídio é mesmo a solução.
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Basta querer. No momento em que viver já não é solução. Basta querer. O suicídio é libertação.

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