digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

sexta-feira, fevereiro 18, 2011

Jardim, com pássaros, abelhas e gatos

Jardim, rosas multicores e amoras. O chão de ervas muito verdes, uma fonte, um lago e um ribeiro que vai para caudal maior, já fora da vista. Sombra de folhosas e ciprestes como torres de vigia.
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No topo, ervas de cheiro e abelhas, mansas e laboriosas. Melros, pardais e outros, anónimos, por toda a parte. Ao sol e à sombra. Ao vento e no abafo. Na chuva ou na temperança. Todas as estações, todos os dias. Lua cheia, lua nova, lua metade.
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Flores? Margaridas. Fruta? De polpa branca, peras doces e maçãs de frescura verdácea. Abelhas entretidas nas sobras trincadas, caídas, pousadas e descuidadas, enquanto a preguiça manda. Uma manta no chão, por causa da roupa, e outra por cima, porque, dizem, nos constipamos quando deitados ao relento.
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Ramalhete de perfumes e gatos. Daquele lado cebolas. Não, rosas. Dizem, entretanto, que são ranúnculos, flor rara e rara também nas aparições. Ali, mesmo ao lado do canteiro dos morangos.
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Por toda a parte, espalhadas, tulipas, açucenas, mimosas, lírios, violetas e jasmins. Alegria das abelhas. Limoeiros e laranjeiras. Figueiras e romaneiras. Sombras e delírios. Pássaros e gatos, e outros que tenho preguiça de enumerar.
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O ribeiro e os pássaros. O silêncio dos gatos. O vento e as sombras. A preguiça. Um dia todo. Um entardecer com rosado e uma ceia de figos secos, tâmaras melosas e Vinho do Porto Tawnie com anos.
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Pode ser Verão. Com toda esta preguiça só não é Primavera. Com todos os aromas só não é Outono. Com este calor suave só não é Inverno. Pode ser Verão, mas tão ameno… não pode ser. É lua cheia, ainda de dia. É céu estrelado na lua nova.
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À noite só gatos e fantasmas. Flores, jasmim e violetas. Sei lá, tanta coisa. Demasiadas para quem se delicia com tudo, além do Vinho do Porto idoso.
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Amanhã será mais um dia no jardim. Ao acordar, tapado e fora da manta. Apetite de sumo de laranja. Aroma de pão quente e chá verde. Framboesas e mirtilos. Como se tivesse feito amor toda a noite. De certeza.
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Nota: À amiga AA, que também é musa e até tem um número, que nunca sei de cor.

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