
Dias de viuvez e chuva
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O odor da cera e do mogno numa casa fechada
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A luz morta das janelas quase cerradas e o pó dos reposteiros
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O silêncio da casa e o espaço todo que fora de gatos
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Na cozinha ainda entra a luz, branca como os azulejos, em alguns dias escura como os dias feios
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Que Deus permita aceitação da quietude
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Que nunca a revolta ou a indignação estorvem a morte da casa
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Nem a naftalina dos armários, para matar as traças dos vestidos negros
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O soalho corrido ainda tapado pelos pesados tapetes
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Os candeeiros apagados e as paredes de encardido solene
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Nem os tímidos ratos surgem furtivos
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O vazio e a memória dos gatos
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Viuvez austera. Morte amorosa
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Fantasma vivo
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Não deixo que o amor maior me permita amores novos.
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