digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

sexta-feira, março 05, 2010

Chinelos

Estes chinelos vão fazer, em Junho, dez anos. Lembro-me muito bem do dia em que os comprei e do Sol e praia que os abraçaram no começo. Nesse tempo acreditava piamente no amor, apesar das palavras premonitórias dum abismo próximo.
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Parei a olhar para eles e para o tempo que desde então passou. Outros chinelos teriam desesperado e partido há muito. Estes ficaram, como se tivessem esperança de me reencontrarem com o amor e com quem partiu.
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Por causa deles pensei nos outros que tenho, de Inverno. Não vão durar tanto, como não durou tanto o amor que tive quando os comprei. Estes estão rotos e partirão em breve, como foi já a esperança dum novo assombro.
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Tive amor da cabeça aos pés. Agora tenho um sentimento vago, que calco e desprezo. Um dia, se as encontrar, dou-lhes com os pés.

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