
Estes chinelos vão fazer, em Junho, dez anos. Lembro-me muito bem do dia em que os comprei e do Sol e praia que os abraçaram no começo. Nesse tempo acreditava piamente no amor, apesar das palavras premonitórias dum abismo próximo.
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Parei a olhar para eles e para o tempo que desde então passou. Outros chinelos teriam desesperado e partido há muito. Estes ficaram, como se tivessem esperança de me reencontrarem com o amor e com quem partiu.
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Por causa deles pensei nos outros que tenho, de Inverno. Não vão durar tanto, como não durou tanto o amor que tive quando os comprei. Estes estão rotos e partirão em breve, como foi já a esperança dum novo assombro.
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Tive amor da cabeça aos pés. Agora tenho um sentimento vago, que calco e desprezo. Um dia, se as encontrar, dou-lhes com os pés.
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