digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

sexta-feira, janeiro 29, 2010

Horizonte

Para além deste horizonte, a linha de parede da casa, há um fio de leve alaranjado, sinal de que amanhã o dia não será tão fechado.
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É uma linha ténue, finura de garrido desmaiado, acolchoado entre o amarelo clarinho emprestado pelo Sol, o azul do dia que se vai e o azul negrume da noite que se pressente.
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Isso é lá fora, além do horizonte da parede. Da vidraça para este lado, não há frio nem Sol, nem chuva nem calor, dia ou noite. Aqui vive-se o pasmo e o tédio. Pasmo da ausência de gesto, tédio da repetição mimética e siamesa da ausência de gesto.
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Ainda assim, prefiro a vida da janela para dentro, pois posso ser sem que me queira parecer com outra pessoa. Lá fora há os pombos, os automóveis e os barulhos e muitas coisas.
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Lá fora há muitos horizontes, alguns pouco maiores do que aquele que tenho. Aqui aprecio a parede e imagino, lá fora, um pôr-do-sol em ecrã gigante, de tons fortes e vento de frente.
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Frente à realidade, o sonho é sempre mais forte. Preferível.

1 comentário:

flôr de sal disse...

Da janela de meu quarto tenho vista para os prédios da frente. Esse tem sido o horizonte dos meus dias...