digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

quinta-feira, novembro 05, 2009

Canção elegante

Ao certo ninguém pode afirmar conhecer um vinho dos séculos XV ou XVI. Na verdade pode sonhar-se ou intuir-se, mas não conhecer. Ainda que houvesse alguma garrafa ou outro vaso estaria já falecido: o vinho é coisa viva.
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Mais próximo da verdade está o conhecimento acerca da música antiga anterior ao Barroco. Só não será completamente porque o sistema de notação não era tão completo quanto o moderno. Nos séculos das grandes descobertas portuguesas floresciam, musicalmente, o madrigais. Este género profano versava diversos temas, especialmente heróicos e bucólicos.
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Se eu soubesse cantar, pudesse expressar essa arte e transmiti-la ou conhecesse poderia aqui deixar um madrigal. Para que serviria aqui um madrigal? Para animar o leitor, porque é ainda Verão (não é humor sarcástico nesta época tão esdrúxula) e o apetite presta-se a festejos finos, porque o humor melhora não apenas com vinhos de piscina.
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Porém, não sou dotado de voz, nem em potência nem acerto, ou sabedoria musical para aqui começar em delírios. Graças a Deus, a imprensa não se presta a cantorias. Assim, não sai nenhum leitor com as orelhas danificadas pelas minhas agressões vocais.
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Hoje os madrigais estão fora de moda, o que não quer dizer que não sejam belos e agradáveis de se ouvir. Refiro-me apenas ao abandono do género pelos compositores contemporâneos. Agora, madrigal tem um sentido diferente.
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O Madrigal é um vinho, de seu nome completo Quinta do Monte d’Oiro Madrigal. O tema aprimorado desta vez é a edição de 2006, que continua na bela senda. Felizmente há tradições. Este é um branco Regional Estremadura feito com uvas da casta viognier.
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Que tal é ele? Floral e fresco, com muitas frutas a descobrir. Diz o produtor que vai bem com pratos perfumados e alegres, sejam eles de peixe, sejam de carne. O dito escolta aprimoradamente molhos cremosos e legumes. Não contrario a opinião do vitivinicultor. Abano a cabeça na vertical, dando assim o meu consentimento a tais palavras. Espargos são uma das sugestões… pelo que vou nessa dos ovos mexidos com espargos verdes a casarem-se com o Quinta do Monte d’Oiro 2006. Haja saúde!
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Rosa de seu nome.
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Neste momento preciso vou fingir que sei latim: rosa, rosa, rosam / rosae, rosae, rosa / rosae, rosae, rosas / rosarum, rosis, rosis. Pronto! Já disse! Já aliviei a minha fúria intelectual e esclarecida. Sou um homem realizado. Sou um homem feliz.
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É Verão e apetecem os rosés. Não há nada a fazer! Os rosés são uma necessidade, não se pode viver sem eles por esta época. Os pés enterradinhos na areia, o mar azul pela frente, umas sardinhas assadas, um marisco guloso, carnes brancas… festins sublimes! Não há nada muito mais para fazer por esta altura.
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A ideia é essa. Mas para ser mais preciso na sugestão digo ao que vou e onde gosto de ir: Rosé da Peceguina 2006. Um rosado Regional Alentejano obtido a partir de uvas de touriga nacional e de aragonês… castas da moda, portanto. E que mal tem isso? Nenhum, até porque o resultado é feliz.
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No nariz é fresco e frutado. Na boca tem elegância, frescura e alguma doçura. Que se quer mais? Só se for cotações em alta na venda e em baixa na compra, mas isso são assuntos para tratar noutro departamento.
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O tinto da vaquinha.
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Muuuu! Faz a vaca. Pelo menos é o que consta. Digo consta, porque não sei propriamente escrever vacum e a minha experiência rural pode ser assídua, mas não é permanente. Ou seja, quando digo que a vaca faz muuuu não sei bem o que digo nem o que quero dizer. Aliás, não acredito que ninguém saiba. Desafio alguém a provar-me que consegue dialogar com bovinos. Para mim a língua de vaca é no prato, mas não aprecio.
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A vaca é um animal simpático e enternecedor. Não será por acaso que na escola primária se fazem ou faziam redacções com o tema da vaca… ela dá-nos o leite, a carne, a pele e, provavelmente, mais coisas que não sei ou não me ocorre.
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Pois uma bonita vaquinha, de ar simpático, vive nos rótulos do vinho Malhadinha. O desenho foi feito por um dos filhos do casal que dirige a Herdade da Malhadinha Nova, em Albernoa, no Baixo Alentejo.O Malhadinha 2005 é um vinho tinto Regional Alentejano, proveniente duma parcela de 18 hectares, obtido a partir dum lote formado pelas castas alicante bouschet, aragonês, cabernet sauvignon, sirah e touriga nacional. Ao nariz vêm aromas de flores e de frutos vermelhos. É um vinho bem estruturado e elegante. Para a mesa tanto pode ir com cozinhados típicos alentejanos como com sofisticadas e modernas criações.

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