digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

quinta-feira, outubro 01, 2009

Árvore. Ár-vo-re!

Planto uma árvore e, sob ela, espero pelo dia em que me venha a dar sombra. Que seja larga e espessa, que os ramos tenham ninhos e gatos para os assaltarem, mas que não veja nem pressinta.
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Uma árvore que tenha carreiros de formigas na vertical. Que não mordam outra coisa que não os frutos. Não disse, mas digo agora, a árvore terá frutos. À sombra o odor maduro dos açúcares.
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A árvore pode ser uma figueira ou uma laranjeira. Pode ser amendoeira, limoeiro, romanzeira. Podia ser videira, se videira desse sombra e fosse árvore; disseram-me que não é. Ou até morangueiro, se este não rastejasse com medo de chegar ao céu.
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As árvores têm a liberdade de ficar e o dever também. Por que não eu, plantado, abrigado do Sol e mal defendido da chuva? Tomara haja um quase canteiro, um pequeno cercado circular, em torno da adivinhação das raízes. Se for terreiro não será menos digno, mas sujará mais as calças com que me sentarei.
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Os frutos darão de comer e a seiva matará a sede. Toda a vida alimentará a alma. Não é preciso mais nada para se ser feliz.
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Tudo isso. Tudo! Tudo se eu conseguisse ficar quieto.

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