digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

quinta-feira, outubro 01, 2009

Mudam-se os tempos


Tenho percebido, com o tempo, que o tempo muda-nos. Não gostava de ervilhas nem de favas, passei a gostar das bolinhas e, bem mais tardiamente, das favas. Odiava cozido à portuguesa, passei a gostar depois de me ter convertido à dobrada e à feijoada. Quando era miúdo, até ser crescidinho, a carne tinha de ser quase carvão, prefiro-a agora em sangue.
.
Não sei se o tempo nos dá bom gosto, porque não quero pensar no que é bom ou mau gosto. É o gosto que se tem. Ou que se tem em determinada altura.
.
Os quadros de Renoir deliciavam-me com as suas subtilezas de luz, sombra e cores, com as pinceladas doces, coquetes, femininas. Van Gogh entediava-me, como que me doesse a barriga ou os olhos ou os olhos e a barriga e mais os olhos da barriga. Hoje não suporto Renoir e rendo-me a Van Gogh.
.
Não sei o que o tempo nos dá além de experiência, mas alguma coisa acontece no coração. Se antes preferia rosas, hoje quero as flores da amendoeira.

1 comentário:

Anónimo disse...

aprecio os dois Van Gogh mais claro, mas os quadros de Renoir tem uma beleza mais feminina como vc disse, mais delicada.

:)

Luiza.