Tenho percebido, com o tempo, que o tempo muda-nos. Não gostava de ervilhas nem de favas, passei a gostar das bolinhas e, bem mais tardiamente, das favas. Odiava cozido à portuguesa, passei a gostar depois de me ter convertido à dobrada e à feijoada. Quando era miúdo, até ser crescidinho, a carne tinha de ser quase carvão, prefiro-a agora em sangue.
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Não sei se o tempo nos dá bom gosto, porque não quero pensar no que é bom ou mau gosto. É o gosto que se tem. Ou que se tem em determinada altura.
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Os quadros de Renoir deliciavam-me com as suas subtilezas de luz, sombra e cores, com as pinceladas doces, coquetes, femininas. Van Gogh entediava-me, como que me doesse a barriga ou os olhos ou os olhos e a barriga e mais os olhos da barriga. Hoje não suporto Renoir e rendo-me a Van Gogh.
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Não sei o que o tempo nos dá além de experiência, mas alguma coisa acontece no coração. Se antes preferia rosas, hoje quero as flores da amendoeira.
Não sei o que o tempo nos dá além de experiência, mas alguma coisa acontece no coração. Se antes preferia rosas, hoje quero as flores da amendoeira.
1 comentário:
aprecio os dois Van Gogh mais claro, mas os quadros de Renoir tem uma beleza mais feminina como vc disse, mais delicada.
:)
Luiza.
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