digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.
terça-feira, abril 24, 2007
Acontece no sono
Acontece em qualquer sono não ter sono. Acontece acordar a meio da noite suado, com medo de si mesmo, ou não acordar, com medo de se estar acordado, ou com medo de não mais acordar e, contudo, estar consciente. Acontece sonhar que se está a sonhar e, porém, não se acorda nem acaba o pesadelo. Acontece toda a infância fora de época e nada se pode fazer, e assiste-se impotente a todos os constrangimentos passados e vividos por mais uma vez. Acontece que não nos compreendem e nos falam com voz condescendente, enquanto nos dizem que não é nada e dias mais felizes virão, que tudo não passa de invenções da cabeça. Acontece acordar aflito para urinar e em que não se consegue levantar, e apenas se pode mexer os olhos, por aterrado. Acontece tudo, menos aquilo que se queria que acontecesse. Acontece, porra! Acontece. Acontece em qualquer sono não ter sono e, em algumas respirações, parar de respirar: sonha-se em mergulho profundo.
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2 comentários:
Este gajo já me apareceu, nos meus pesadelos...e o que eu sofro com isso. Ora aqui está uma boa descrição, da tortura que é ter sono e não conseguir dormir, querer descansar e acordar ainda mais cansada.
Feliz dia da liberdade!
bjinhos
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