digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

quinta-feira, março 29, 2007

A pedra

Não tenho amor, mas no bolso há uma pedra. Toda a vida tive uma pedra no bolso. Sempre que o amor me surpreendia apertava a mão na pedra e sabia que haveria de sobreviver, porque sei, sempre soube, que o amor é traiçoeiro. O amor atraiçoa sempre. A pedra não me ama. Nunca amei a pedra. Os amores vieram e foram, a pedra ficou. Não há qualquer hipótese de amar a pedra ou dela receber amor: temos uma relação feliz como aquela que se deseja para um casamento.

5 comentários:

Lia disse...

você não tem uma pedra, você é uma pedra...brincadeira

Anónimo disse...

Já pareces o Lobo Antunes, chiça!!! Ele também diz que há-de amar uma pedra...Ehehehehe!!!
Não gostei do paralelismo irónico com o casamento feliz, mas pronto!A ideia do texto está como sempre, excelente ;)

João Barbosa disse...

Gi: o «como» também se lê. Topas?

Anónimo disse...

Como eu gosto de ser corrigida por um “mestre” da ortografia e da interpretação literária.
Beijos e bom fim-de-semana...

João Barbosa disse...

Gi: grrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr bom fds, bjs