digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

quarta-feira, março 28, 2007

As duas metades

Num lado da cabeça tenho as emoções e a razão. Noutra tenho a razão de ser. Não distingo a diferença entre a razão de ser e a razão de sentir. Sinto porque penso e penso a sentir. Sou um animal, mas lamento não fazer a fotossíntese só para pensar mais livre e dedicarmente apenas às transcendências da vida.
Em metade do cérebro tenho o amor, a raiva, a ternura, a ejaculação, os apetites todos e de toda a ordem e os afectos. Lá estão também o tino e a certeza, porque se essas coisas existem, logo sou algo mais do que só biológico e pensante. Na outra metade está a minha razão de ser: está Deus e a consciência. Só por causa dessa metade não faço a fotossíntese e sou bípede.
No entanto, não distingo a diferença entre a razão de ser e a razão de sentir. tenho amor aos animais e tento amar toda a vida... em vão. As minhas duas metades forma uma só, e confundo-me nela. Às vezes não sei mesmo se não sou apenas essas duas metades. Não sou. Tampouco sou o corpo todo. Sou espírito. Nem apenas uma essência corpórea, apenas espírito. Todavia, confundo-me nas artimanhas das minhas duas metades e até escrevos os enganos que elas me ditam, pois nenhuma delas é aquilo que escrevi.

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