digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

sexta-feira, fevereiro 09, 2007

O retrato

Entre o que sou e o que gostaria de ter sido há um latifúndio de diferenças. Quando pergunto quem sou ao espelho não sei se oiço a verdade ou apenas o sussurro de quem julgo ser. Se questiono as paredes não sei se escuto o eco das minhas palavras ou se respostas verdadeiras das coisas. Dos outros não sei se tenho a verdade ou aparência dela ou torsos torcidos por bem e por mal.
O meu retrato é a visão do artista e é um momento. A fotografia é só um instante e um golpe de alma. O espelho é breve e nele estou com os meus olhos. Se me esculpirem um busto, o que poderei dizer? Que sou de alabastro? Frio e fixo num só jeito?
Sei que não sou quem gostaria de ser e muito menos quem gostaria de ter sido. Nos meus dias moldo mais do que o corpo. As minhas noites ocupo-as com insónias. As minhas manhãs são de sono profundo. A minha imagem é diferente da do espelho e da que sinto. Não sei para onde vou e muito menos para onde quero ir.

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