Eu, omnipotente, desconhecia-a. Espantei-me ao vê-la emergir sem ser criação minha. Eu vivia feliz sem ela. Elevou-se diante de mim e indiferente. Eu, omnipotente, curvei-me para a conhecer e encantei-me. A fragilidade dela tornou-se na minha fragilidade. O meu músculo másculo ergueu-se em sinal da minha fraqueza.
Muito mais do que carne. Muito mais do que objecto de desejo. Toda ela uma esfera: completa diante de mim, imperfeito. Muito mais do que meia Lua, ela mostrou-se todo o panteão de divindades pagãs, nas suas virtudes e defeitos, toda ela apaixonável. Muito mais do que Vénus. Eu, omnipotente, verifiquei-me impotente.
Toda ela uma esfera: completa diante de mim, imperfeito. Ela toda enigma e eu já sem certezas. Ela pragmática e espiritual. Eu sonhador e materialista. Aceitando-me as limitações e as parecenças, sabia-me comum. Tomando-a por idêntica tropecei na individualidade. Vislumbrando-a distinta notava-a completamente igual. Toda ela feminina.
Eu, impotente, amo-a. Ela é mais do que objecto de desejo. Toda uma esfera. Todo o panteão de divindades pagãs. Eu sou humano, omnipotente como todos os homens. Ela é divina e humana como todos os anjos.
Nota: Os homens não percebem nada de mulheres, porque talvez não haja nada para perceber nas mulheres. Cada uma é diferente da outra, sendo que todas talvez formem um padrão. Porém, a aplicação duma generalidade é obrigatoriamente desastrosa.
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