A minha casa é o recipiente da minha nudez.
O meu silêncio expande-se e derrama-se. A minha cabeça transborda e a casa é o lago que o recolhe. As coisas são inexistentes, o silêncio esvazia tudo e nele afogo as horas e a solidão.
A porta da minha casa dá para dentro de mim. Passando-a tem-se acesso ao meu estômago, baço, fígado, cérebro e todas as vísceras. O meu amor passeia-se nu dentro de mim.
Tenho as janelas sempre abertas e as cortinas escancaradas, porque essa é a forma mais plena e certa de esconder as partes pudendas. Passeio-me nu pela casa, porque não tenho ninguém de quem me esconder. Todo o espaço basta-me. Nenhum espaço me é suficiente.
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