digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

quarta-feira, fevereiro 07, 2007

Caixa mágica

O perfume que tenho nas mãos é um corpo estranho, um prolongamento de lugares fora de mim. Hoje basta-me para casa uma caixa de vidro ou uma armação para arrumar toda a inquietação. Se olharem só me vêem o corpo, não a inquietação. Sem mim dentro, a estrutura espelha o meu permanente vazio e o sentimento de culpa. Dentro estou escondido.
Deitado ainda sobra espaço. Cabem os meus pensamentos, os olhares dos outros e este perfume imposto por estranhos a mim.
Deitado não serei objecto de adoração nem de comiseração nem de arte. Deitado estarei em casa, quem olhar verá a minha cozinha, o meu quarto, as minhas intimidades visíveis. Nada que nenhum tenha. Mas lá dentro estará toda a minha inquietação ou o espelho do meu vazio.

2 comentários:

sa.ra disse...

que bela caixa mágica - a que mostra e esconde tudo!

beijinho
dia muito feliz!

Anónimo disse...

Concordo com sa.ra, gosto da magia da transparência ;)