digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

sexta-feira, fevereiro 02, 2007

Cais de desembarque

Não sei por que se chama de embarque ao cais. Sempre que há sentimentos é de desembarque que se trata: Um amante deixado no cais, um abraço dado na plataforma, os afectos deixados na despedida. Sempre o desembarque.
Deixaram-me um recado nas escadas da estação. Um apelo como uma despedida antecipada. Mais tarde um telefonema, uma surpresa. Sentimentos de sangue largados no espaço.
Deixaram-me um recado nas escadas da estação. A luz toda entra indiferente pela casa toda. Não está ninguém. Mais breve pode não não estar ninguém. A luz toda não é de ninguém.
A memória paira na luz toda. A porta está aberta, mas por ela não entra nada. Saiu tudo. Não entra passado nem futuro. O presente é um instante breve.
Na memória ficou o recado nas escadas da estação e a luz toda a entrar pela porta aberta. Para o futuro fica a questão: por que não se chama de desembarque aos cais?

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