digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

quarta-feira, janeiro 17, 2007

Intervalo

O espaço vazio pede para interromper o silêncio, o escuro e o tempo. Há um mar de palavras a lançar às ausências, questões que terão o eco como resposta. A escuridão desfia um novelo de lágrimas, vertigem sem prazo para secar.
Faltam rostos e sobram fantasmas. Lá fora tudo pode ser. Cá dentro acontece o que está dentro do dentro. Cá dentro espelha-se qualquer coisa parecida com uma alma.
Se não sair acaba-se por ficar encarcerado, como Narciso preso à sua imagem. Há uma teia de pensamentos e um vácuo de realidade. Um mar de questões e uma multidão de fantasmas.

9 comentários:

as velas ardem ate ao fim disse...

De mim para ti João,

Há muitos olhos nos becos da noite,
que não se cansam de rondar os meus medos.

Há muitos gritos no calar da madrugada,
cujo eco se repete vezes sem conta nos meus ouvidos indefesos.

Há muito frio no escuro das esquinas,
que se esquiva enquanto caminho trôpega.
De tanto cair e me levantar,
as emoções congelaram na minha mente
deram nós na minha garganta,
cravaram estacas no meu coração.

Observo me no meu caminho,

à espreita de um passo em falso,

uma desculpa para me levantar.


Mas o meu corpo já não obedece,

segue lunático,

em busca a emoção aonde quer que a encontre:

hoje, amanhã, ontem...

Acordo todos os dias`

à espera que mais um dia se encerre,

presa do dia a dia.

Aqui .... planeta Terra

Vivo a insossa alegria de dias passados,

sem compromisso,

com memória da trajetória de caminhos por onde nunca passei.

Bjinhos

perdida em Faro disse...

Bela fotografia, belo azul aqui retratado.
Quanto ao intervalo, fez-se bem e agora não posso esperar pela segunda parte do espectáculo!

sa.ra disse...

muito bonito... este texto está belíssimo... a crise existencial só tem glamour assim, sublimada num texto cheio de imagens que soam a poesia, densa e forte!
(acho que deverias escrever um romance! se calhar já escreves! :) )

beijinho
tem um dia muito feliz!

João Barbosa disse...

as velas...: :-)

Tânia: :-) não sei se há segunda parte ou se há só intervalo....

Sa.ra: tenho um romance escrito... esteve para ser publicado e não foi... está na peregrinação das editoras. se calhar nunca será publicado. paciência!

Folha de alface disse...

encabeço um abaixo-assinado p q o teu livro seja publicado!
bjinhos grandes

Anónimo disse...

Meu querido amigo, dás-me autorização para um conselho?
Escreve outro romance...se este não passou, pode ser que o próximo seja editado, a ver pela legião de pessoas que gostam da forma como escreves, de certeza que será um êxito.
Muito me admira é que actualmente, um qualquer "analfabeto", publique um livro só porque apareceu 5' na tv, é muito jogo :(

P.Rosendo disse...

Boa gi. Dá-lhe.. Eu já me fartei de lhe dizer o mesmo.

Anónimo disse...

Sabes meu caro amigo, adorei a foto o texto deixou-me mais deprimido do que estava... enfim são fases. Beijocas

João Barbosa disse...

alfacinha: ...

gi: o meu género não é romance. não fui feito para escrever romances. escrevi um e não sei se voltarei a escrever outro. não é escrita em que me sinta à vontade nem que me seduza particularmente. mas obrigado pelas tuas palavras.

p rosendo: não percebeste o que te disse de todas as vezes «que me deste na cabeça»?

turco: lamento. abracinhos.