digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

quarta-feira, janeiro 17, 2007

A cadeira da cidade

O vento não me leva as pernas, pelo que continuo cansado de tanto andar. Poderia sentar-me numa pedra ou num parapeito, mas só as cadeiras me satisfazem.
A natureza não é para mim. Não gosto de bicharocos nem de ervas altas ou rasteiras. Não gosto de água ou vento ou céu. Só as vistas da cidade me completam.
Não gosto da chuva nem do vento, porque me despenteiam e desarrumam as esplanadas onde me sento. O vento não me leva as pernas e continuo cansado. Não me sento numa pedra nem num parapeito, nenhum deles tem vista para a cidade.

1 comentário:

perdida em Faro disse...

Um texto (para não variar) muito bem escrito e que vem no encontro do que andei hoje a pensar..a passera pela cidade questionei a existencialidade de uma licenciatura ou o utilitarismo barato que dla se faz: aquitectura paisagista! Andei a questionar-me acerca da falta de imobiliário urbano nos locais devisdos...depois admiram.se e chamam aos jovens que não têm mais do que fazer do que andar nas ruas de vândalos! E eles nem percebem quando mais saber o que tal quererá dizer!
Depois o pouco que há é desadequado. Bancos e cadeiras esteticos mas desconfortáveis e virados para estradas. Para muros. PAra supermercados ou montras.
POr debaixo de árvores, à sua sombra e para uma amena cavaqueira? Nem uma...
NOs denominados pontos de vista da cidade? Nem um...
Portanto as minhas pernas também são as minhas cadeiras e restam-me as vistas da cidade para me sentir reciclada.