digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

terça-feira, janeiro 16, 2007

Lobotomia

Os meus dias de glória terminaram. Agora restam-me tempos vagos e ócios sem importância. Não é a cabeça que me dói, é o cérebro.
À noite sonho com o lago Baikal e com as neves eternas dos Kilimanjaro. Desço o Orinoco e penduro-me nas maravilhas edificadas da Europa. À noite sonho, porque os meus dias de glória terminaram. Dói-me o cérebro.
A vida custa-me e desejo uma nova ou então uma lobotomia. Parece que já não se fazem lobotomias. É lamentável! Há tanta coisa inútil que se faz e muitas mais hediondas que persistem!... Preciso só duma lobotomia ou qualquer coisa que me arranque esta dor ou esta vida.
A parte boa da vida é o sonho: o largo Baikal, as neves eternas, a corrente do Orinoco, o telhado da Catedral de Santo Estêvão, os geisers da Islândia, as árvores gigantes da América, os grandes felinos, as empadas, os vinhos e muitas outras coisas e fantasias.
A mim bastava-me uma lobotomia. Uma pluma, uma brisa...

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