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À noite sonho com o lago Baikal e com as neves eternas dos Kilimanjaro. Desço o Orinoco e penduro-me nas maravilhas edificadas da Europa. À noite sonho, porque os meus dias de glória terminaram. Dói-me o cérebro.
A vida custa-me e desejo uma nova ou então uma lobotomia. Parece que já não se fazem lobotomias. É lamentável! Há tanta coisa inútil que se faz e muitas mais hediondas que persistem!... Preciso só duma lobotomia ou qualquer coisa que me arranque esta dor ou esta vida.
A parte boa da vida é o sonho: o largo Baikal, as neves eternas, a corrente do Orinoco, o telhado da Catedral de Santo Estêvão, os geisers da Islândia, as árvores gigantes da América, os grandes felinos, as empadas, os vinhos e muitas outras coisas e fantasias.
A mim bastava-me uma lobotomia. Uma pluma, uma brisa...
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