
Lisboa tem um risco de humidade tão mais fino do que as luzes da metrópole. É o único laço deste momento ao Outono. Esta noite faz Lua nova. A ponta mais ocidental da Europa recolheu-se quase silenciosa ainda que o frio não tenha vindo cumprir a tradição do final do Escorpião. Neste silêncio escuro há todo um respeito pela memória e pelo tempo.
As luzes da cidade são um bordado de ouro e prata a enfeitar as serranias de Sintra e da Arrábida e a alegria de águas de rio e do oceano. Hoje tudo está mais escuro pela Lua nova. É um tempo de esperança.
Neste tempo de fino silêncio e manhãs de humidade ligeira sinto a memória afeiçoar-se ao tempo; não à meteorologia, mas às horas e minutos.
Não me esqueço de ti. Tenho respeito pelas horas e pelos anos e vejo nesta Lua nova toda a esperança dos dias antigos. A amizade tece-se com palavras e actos e já faz falta a correria dos felizes e sãos.
Se fosse Verão estriam gafanhotos a cantar laudas ao estio. Se fosse a Primavera haveria mil flores a colorir a paisagem dos campos. Se fosse Inverno haveria um bloco de frio a lembrar o sangue dentro dos corpos. Mas é Outono e as chuvas não vieram e há ainda muito rubor nas faces de todos. É Outono e de noite e a Lua está vazia, mas redonda como sempre, na sua mais enigmática fase. Por mim digo textos de ternura e lembrança, porque é feliz o tempo assim.
As palavras alinham-se e agrupam-se. Fico a vê-las a anicharem-se na página sentado numa cadeira. Na minha casa há sempre um lugar vago para festejares comigo uma Lua nova.
As palavras alinham-se e agrupam-se. Fico a vê-las a anicharem-se na página sentado numa cadeira. Na minha casa há sempre um lugar vago para festejares comigo uma Lua nova.
Nota: Dedicado a Calvin.
6 comentários:
Pois é, a Calvin faz hoje anos
A sério?
Então...Muitos Parabéns Calvin :)
Muitos anos de vida e muitas, muitas felicidades.
parabéns à calvin :)
(e o autor do infotocopiável, qdo é bébé?)
Que belo presente!
Obrigada
ainda bem que gostaste, Calvin :-)
Parabéns atrasados à Calvin :)
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