Peixe! Cheiro quase metálico e perfurante, teimoso e rápido. Cheiro agudo, inquietante e insolente. Uma mão atirada veloz à garganta para puxar as costas da língua, arrepanhar a boca do estômago e virá-lo do avesso. O peixe traz-me o vómito à porta e a água aos olhos.
Serei um peixe. Estarei saudoso do mar e cioso do espaço livre. O cheiro é uma evocação da condição antiga. O cheiro a lembrança do sofrimento de quando me tiraram da água.
A água é o líquido do útero! A água é a Terra-Mãe! A água é a vida! Não sou um ponto da reticência posta depois duma exclamativa acertada acerca da vida, mas o tropor de morte e asfixiado dum peixe fora da água. Não do sal, mas do universo, do azul e de tudo e do todo dentro do banho. A minha memória de mar guarda-se no cheiro traumatizado dum peixe aflito por viver.
1 comentário:
vai à pesca rapaz...
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