digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

domingo, novembro 26, 2006

Cartas de veneno

Escrever cartas com tinta venenosa e proclamar a verdade não torna reais e bondosas as palavras. Tive notícias tuas pela voz de passarinhos que me trouxeram o teu hálito a enxofre.
Prometeste amá-los e quase os mataste de esforço e perfídia. Prometeste amá-los e quase os mataste com as tuas mãos férreas aquecidas, quase em brasa. Prometeste amá-los e quase os mataste com o veneno que querias trouxessem para mim.
Por mim podes escrever todas as cartas com todo o veneno. Podes mete-las nos sobrescritos e enviá-las a quem quiseres e por quem quiseres. Vou abri-las e vou lê-las para conhecer melhor o estado da tua loucura. Depois vou guardá-las e enviar-te um beijo. Um beijo de irmão ou de pai.
Vá, descansa. Descansa de ti, estás cansado de ti e da loucura em que te mergulhaste. Descansa do frenesim insano e paranóico que espreita atrás de todas as cortinas. Volta a sorrir, depois de descansares. Não escrevas mais cartas com veneno nem as mandes por passarinhos... têm coração frágil e já têm muitas penas.

2 comentários:

Anónimo disse...

Tão bonito...

Anónimo disse...

Só mesmo tu...para transformar um tema tão mau, num texto de bela prosa, através de belas palavras ;)