Escrever cartas com tinta venenosa e proclamar a verdade não torna reais e bondosas as palavras. Tive notícias tuas pela voz de passarinhos que me trouxeram o teu hálito a enxofre.
Prometeste amá-los e quase os mataste de esforço e perfídia. Prometeste amá-los e quase os mataste com as tuas mãos férreas aquecidas, quase em brasa. Prometeste amá-los e quase os mataste com o veneno que querias trouxessem para mim.
Por mim podes escrever todas as cartas com todo o veneno. Podes mete-las nos sobrescritos e enviá-las a quem quiseres e por quem quiseres. Vou abri-las e vou lê-las para conhecer melhor o estado da tua loucura. Depois vou guardá-las e enviar-te um beijo. Um beijo de irmão ou de pai.
Vá, descansa. Descansa de ti, estás cansado de ti e da loucura em que te mergulhaste. Descansa do frenesim insano e paranóico que espreita atrás de todas as cortinas. Volta a sorrir, depois de descansares. Não escrevas mais cartas com veneno nem as mandes por passarinhos... têm coração frágil e já têm muitas penas.
2 comentários:
Tão bonito...
Só mesmo tu...para transformar um tema tão mau, num texto de bela prosa, através de belas palavras ;)
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