digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

terça-feira, outubro 03, 2006

A verdade

O meu amor deixa-me sem palavras, faz-me feliz só por estar perto e por sentir quando está longe. O meu sangue avança, por ele, nas veias e o coração aflige-se se os olhos vêem com que a cabeça se atemorize. Tenho tremuras nas mãos. Tenho ternuras nas mãos. Tenho vontades de me dar todo, de me deixar para trás, de partir-me e ficar só para o meu amor. Estou enfeitiçado pelos olhos e amarrado pelo sorriso... enleado na voz.
Estou aflito num prazer inexplicável, que só compreende quem ama. Não entendo o começo nem a razão. Não há lógica para o debruçar das cabeças ao luar nem para o prazer em contemplar a pele de pétalas ou os lábios de fantasia.
O meu amor faz-me doer com a sua crueldade e frieza. Corta-me a carne com um gume afiado e salga-me... por prazer. Mostro-me, confiante, em carne viva e o meu amor vê-me... por vezes puxa-me os tendões, os músculos e os nervos. O meu amor já me fez sangrar por brincar com os meus nervos e brutalizar as minhas feridas.
O meu amor não pede perdão... nem perde tempo. No dia em que partir não terá saudades do passado nem irá contemplar o prazer pretérito, nada fará olhar para trás. O meu amor não pede perdão, seria perder a alma e perder o prazer ganho em ferir. Ajoelho-me e humilho-me para não o perder eu a ele, porque gosto e sei que no amor o orgulho é uma estupidez. Não me importo que o meu amor não me corresponda. Finjo que não me importo. Fico à espera do dia de ser abandonado e rezo para não o ser. Até lá amo absolutamente. Só se ama o que se tem.

4 comentários:

Anónimo disse...

me fala o nome do negócio que você tá tomando que eu também quero!
risos, brincadeira,
rir apenas por estar perto e se sentir bem e mal ao mesmo tempo.

perdida em Faro disse...

Não resisto pois a imagem que se criou em mim partiu exactamente daqui:

"O meu amor tem lábios de silêncio
E mãos de bailarina
E voa como o vento
E abraça-me onde a solidão termina

O meu amor tem trinta mil cavalos
A galopar no peito
E um sorriso só dela
Que nasce quando a seu lado eu me deito

O meu amor ensinou-me a chegar
Sedento de ternura
Sarou as minhas feridas
E pôs-me a salvo para além da loucura.

O meu amor ensinou-me a partir
Nalguma noite triste
Mas antes, ensinou-me
A não esquecer que o meu amor existe."

Rui Malheiro e Tiago Leitão

Nem sei se gostas de Jorge palma. Eu gosto. Esta é das minhas letras e músicas preferidas e se ao ler o teu texto, veio esta música, ao ouvir a música, sem dúvidas que lembrar-me-ei do texto...Afinal Jorge e João até são nomes que ficam bem juntos...

perdida em Faro disse...

Ah! não penses que me passou despercebido o trocadilho da última frase...assim tipo, fico de fora de todo este sentimento que é possível de se ter por algo ou alguém pois para isso tem que existir o destinatário que agora não há. Eu percebi mas preferi deixar de fora...

João Barbosa disse...

anónimo: o negócio que tomo? vinho... mas só do bom.

Tânia: gosto muito do Jorge Palma... e tb do teu blog